sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Rolezinho: ato em SP irá “denunciar o caráter racista” de shoppings

Para um dos organizadores, repressão é tentativa de “impedir a presença de jovens, moradores de periferia, na sua ampla maioria negros” nos centros comerciais 



Uma manifestação contra a repressão dos shopping centers ao movimento conhecido como “rolezinho”, realizado por jovens das periferias de São Paulo, está marcada para o próximo sábado (18), a partir das 12h. Segundo um dos organizadores do ato Juninho Jr., do Círculo Palmarino, a intenção é “denunciar o caráter racista das ações que vem sendo promovidas pelos shoppings de São Paulo”.

A manifestação seguirá até a entrada do shopping JK Iguatemi, um dos mais ricos da capital paulista, que no último sábado (11) exigiu os documentos dos frequentadores do local e até dos funcionários que trabalham nas lojas para evitar o “rolezinho”. Menores de idade desacompanhados não puderam frequentar o espaço.

O “rolezinho”, para Juninho, é a consequência do ideal de consumo propagado pelas elites, frequentadoras assíduas dos shoppings. “A burguesia propaga cotidianamente que para você ser alguém, ser reconhecido, é necessário ter e consumir, e o funk ostentação dialoga com esse sentimento. Porém, enquanto esses jovens sonharem com carros de luxo, roupas de marca, lá na periferia, tudo bem, o problema é quando eles desejam ocupar os espaços que tradicionalmente só são ocupado pelo andar de cima, ai gera uma contradição que a elite não consegue responder senão pela repressão”.

Em entrevista concedida à Revista Fórum, Juninho Jr. Afirmou ainda que a criminalização contra expressões culturais da comunidade negra não é novidade, “já sofremos isso com a capoeira, religiões de matriz africana e comunidade tradicionais, contra o samba, contra o rap, e a bola da vez é o funk”. E acrescenta: “os rolezinhos e o funk ostentação estão longe de serem movimentos que propõem mudanças sociais, mas não podemos negar que são expressões das contradições da sociedade que vivemos, profundamente desigual, onde poucos têm muito e a grande maioria vive com muito pouco, sem acesso à cidadania plena e direitos como educação, saúde, transporte, cultura e tantos outros problemas que enfrentamos”.

No sábado (11), a Polícia Militar chegou a usar gás lacrimogêneo e bala de borracha para dispersar o “rolezinho” em um shopping de Itaquera, e três jovens foram detidos.

* Com edição do ANDES-SN

* Imagem: Reprodução facebook

Fonte: Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN

Data: 16/01/2014

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