terça-feira, 5 de junho de 2012


ABSURDOS QUE CAUSAM A GREVE NAS UNIVERSIDADES

A grande maioria das universidades brasileiras encontra-se de greve provocada por fatores alheios à deliberada vontade dos professores, visto que a discussão com o Governo Federal sobre a situação da carreira docente vem se travando por longos períodos e as proposições feitas são sistematicamente ignoradas e arquivadas.
A grande maioria das universidades brasileiras encontra-se de greve provocada por fatores alheios à deliberada vontade dos professores, visto que a discussão com o Governo Federal sobre a situação da carreira docente vem se travando por longos períodos e as proposições feitas são sistematicamente ignoradas e arquivadas.
A luta está centrada na busca de políticas que contemplem o exercício pleno do magistério, nas amplas esferas de ensino, pesquisa e extensão. Não há como negar que os salários dos docentes, a cada dia ficam mais defasados. As condições de trabalho, nesse contexto, também seguem a mesma dinâmica, tornando o docente escravo dos seus ideais, buscando e improvisando alternativas para cumprir os compromissos de transformações que a sociedade tanto espera.
Infelizmente, não se tem encontrado outros mecanismos que sensibilizem o governo. A história da universidade brasileira mostra que todas as conquistas alcançadas em termos salariais e de melhores condições de trabalho têm como cerne o movimento reivindicatório chamado GREVE.
Também, a história mostra de forma clara que durante as greves, uma pequena proporção de docentes se organiza (COMANDO DE GREVE) e defende com todas as energias a sustentação da carreira em sua plenitude, enquanto por outro lado, grande proporção de professores de forma passiva assiste. É importante lembrar que o pequeno grupo - comando de greve e outros ativistas - lutam pelo bem de todos, como já ficou provado em todas as outras conquistas obtidas. Mais triste, ainda, é se perceber que alguns colegas, por algum motivo momentâneo, atuam de forma ativa denegrindo a imagem, dos que têm a coragem, a perseverança e às vezes a ousadia de travarem uma verdadeira batalha, contra uma estrutura pesada, cheia de contradições administrativas nas diversas esferas do poder. Ressalte-se que nos últimos trinta anos, diante das lutas travadas em defesa de melhores salários e de melhores condições de trabalho na Universidade Federal do Piauí, não se tem conhecimento de algum colega docente, ter renunciado os benefícios advindos de uma GREVE, sustentada por uma aguerrida minoria ou pelo menos de ter a dignidade de admitir que a melhoria de sua condição de trabalho foi devido aos colegas que se sacrificaram.
Neste período da atual greve, alguns e-mails têm sido postados, tratando os colegas incorporados à GREVE como irresponsáveis e caracterizando a discussão sobre a paralisação das atividades de pesquisa e da pós-graduação como absurda.
É Importante destacar que nas assembleias, inclusive na que deflagrou a greve, as discussões têm sido acaloradas em busca do encaminhamento de todas as demandas vindas da comunidade universitária, cujas decisões estão centradas no bom senso.
Entende-se que no lugar de se contrapor à GREVE, cada colega poderia se incorporar à causa que é justa, e certamente, o movimento ficaria mais fortalecido e a solução talvez ocorresse de forma mais ágil.
Constantemente, tem-se ouvido nos corredores e bastidores da UFPI, lamúrias de professores, questionando o salário que recebe, bem como as precárias condições em que suas atividades são desenvolvidas. Evidentemente, os corredores não funcionam como um fórum apropriado para este tipo de discussão.
Seria importante que todos refletissem um pouco e de forma desarmada sobre os seguintes aspectos que fazem o cotidiano das universidades federais, em particular na UFPI:
a)Os professores estão satisfeitos com os níveis salariais que recebem no início de cada mês (sem os privilégios momentâneos)? 
b) As condições de trabalho são adequadas para o desempenho das atividades de ensino, pesquisa e extensão?
c) Será que a condição de fazer pesquisa na UFPI, envolvendo infraestrutura física e material é igual para todos? Quais os critérios que são usados para distribuição dos insumos necessários à implantação da pesquisa?
d) Será que existe comodismo entre os pesquisadores no sentido de não desenvolverem ações, que visem o fortalecimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI), criada em 1994?
e) Será que os programas de pós-graduação da UFPI têm recebido o apoio necessário para a devida consolidação, e atender plenamente os critérios da CAPES?
f)Será que todos os docentes têm acesso às bolsas do PIBIC, que é um programa de grande envergadura no cenário nacional?
Diante dos aspectos abordados, é de louvar os docentes, que heroicamente, conduzem as ações da GREVE. Também, vai o apelo para os colegas que circunstancialmente não estão participando das atividades da GREVE. Comecem a se envolver mais, pois a participação de cada um fortalecerá o coletivo. Além disso, cada docente participando, responsavelmente, das assembleias, no mínimo, tomará conhecimento do que estar ocorrendo e isto possibilitará a oportunidade de concluir que é um ABSURDO deixar uma MINORIA lutar pela grande MAIORIA.

Prof. Dr. João Batista Lopes
Prof. Associado III – Departamento de Zootecnia – Centro de Ciências Agráias
Bolsista – Produtividade em Pesquisa – CNPq

Prof. Dr. Adeodato Ari Cavalcante Salviano
Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Centro de Ciências Agrárias
Postado por : Carlos Augusto

Nenhum comentário: