sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Avaliação Política: O governo interrompe negociação e a greve continua

Comunicado especial do comando nacional de greve do ANDES-SN
Diante da posição do governo federal  na reunião  realizada no dia 01/08, na qual o governo afirmou que o processo de negociação estava encerrado  e que  sua posição  era “assinar o acordo com a única entidade que apresentou sua adesão”, o CNG/ANDES-SN avaliou o quadro político da greve e as indicações para próximos passos do movimento.
 A postura do governo na reunião parece encerrar a farsa encenada por ele, a partir dodia 13 de julho, com a qual pretendeu aparentar para a sociedade disposição para negociação. 
Coerente com sua tática mais geral, o governo confirma posição autoritária frente aos conflitos grevistas, desprezando as deliberações dos docentes em greve em defesa da pauta do ANDES-SN e buscando impor um “acordo” que assegura seu projeto estratégico de Estado.
Para sustentar a cena, o governo contou com o apoio direto do Proifes. Esta entidade, desautorizada diretamente por  assembleias de professores nas  universidades e institutos federais em que se organiza, apresentou uma coleta de votos que constitui um profundo ataque ao direito de greve e à  democracia sindical, e cujo resultado desmoralizante apenas confirma  a falta de legitimidade desta entidade pela ausência de sua inserção e representatividade junto à categoria.
A manutenção pelo governo dos pressupostos para a carreira que ajustam o trabalho docente à lógica gerencial explicita claramente a disputa dos projetos de Estado, educação e IFE que se estabelece nesta luta da categoria em greve.
O contexto das lutas dos servidores públicos federais, que se intensificam, pressionam o governo. Este atua no sentido de criar contradições para o interior das categorias e entre elas e ainda jogar com o tempo da greve buscando blocar a solução de todos os conflitos para o fim do mês de agosto, de acordo com o seu interesse.
Os docentes das IFE foram profundamente desrespeitados pelo governo Dilma. A proposta de carreira de Professor Federal, construída  coletivamente, de forma democrática e pela base, protocolada desde março de 2011 pelo ANDES-SN, foi desconsiderada. Os docentes em greve em todo Brasil rejeitaram pela segunda vez a proposta do governo nas 61 assembleias realizadas na última semana, em função do conhecimento das diferentes lógicas contidas em cada uma das propostas: a do governo retira dIreitos e desestrutura a organização do nosso trabalho e a do ANDES-SN que reestrutura a carreira, garante e amplia direitos. 
Neste embate, é ainda necessário que o governo considere o caos instalado nas IFE por conta das precárias condições de trabalho intensificadas pela expansão irresponsável, que não foi objeto de nenhuma reunião no Ministério da Educação, embora reiteradamente cobrado pelo CNG/ANDES-SN.
O processo não acabou. O governo  tenta  desferir um golpe com a pretensão de quebrar a nossa resistência e impor a sua proposta a partir da adesão do Proifes. O momento é de reagir para assegurar a reabertura da negociação da pauta do ANDES-SN com o conjunto da categoria em greve, reafirmando, mais uma vez, a nossa disposição para negociar.
Inicia-se, portanto, uma nova etapa do nosso movimento na qual a definição das táticas e a disputa pelo  controle do tempo da luta são decisivas. Isto exige de nós  respostas mais rápidas e contundentes às ações do governo, fortalecendo a greve no interior das IFE e estreitando a nossa unidade com os demais setores em greve, para nestas ações fazer a denúncia do golpe e conquistar nossas reivindicações.

ENCAMINHAMENTOS
I- INTENSIFICAÇÃO DA GREVE:
1. Indicar a continuidade da greve pela retomada das negociações e atendimentos das reivindicações da categoria.
2. Ampliar a participação da categoria esclarecendo os prejuízos reais resultantes da proposta do governo.
3. Construir estratégias para aprofundar e radicalizar a greve juntamente com os técnicos-administrativo e estudantes.

II- AGENDA:
1. Uma rodada de AG até 7/8, com retorno das deliberações ao CNG/ANDES-SN até dia 8/8.
2. Dia 9 de agosto atos nos Estados em conjunto com os SPF.
3. Marcar 8 de agosto como dia nacional para pressionar as reitorias, afim de que intercedam junto ao governo federal  para reabertura de negociações com os docentes.

III- ENCAMINHAMENTOS NACIONAIS – CNG:
1. Solicitar audiências com os ministros da Educação e do Planejamento para reabertura de negociações sobre a pauta de greve dos docentes;
2. Tirar um dia para ir falar com parlamentares para pressionar que no caso de ser enviado projeto de lei que seja rejeitado.
3. Considerando o momento que vivemos e num esforço para fortalecer este fórum o CNG delibera que, respeitados os critérios definidos para os apoios financeiros, seja viabilizada a participação dos delegados das seções sindicais com dificuldades de arrecadação e CLG das seções sindicais dirigidas pelo 
PROIFES.
4. Elaborar carta denúncia sobre o processo ocorrido na mesa da SRT/MPOG.
5. Agendar reuniões com as diretorias da ANDIFES, CONIF e CONDECAP para esclarecer a posição do movimento docente;

IV- ENCAMINHAMENTOS LOCAIS E ESTADUAIS - CLG:
1. Elaborar carta de esclarecimentos aos  estudantes sobre as razões da continuidade da greve. 
2. Agendar audiência com a Reitoria, a fim de esclarecer os processos que levaram a ruptura unilateral do governo com o andamento das negociações e solicitar apoio a continuidade da greve.
3. Indicar às seções sindicais que solicitem coletivas de imprensa nos próximos dias.

Um comentário:

Lossian Barbosa Bacelar Miranda disse...

O Problema do PROIFES
Acompanhei de perto o movimento sindical nos últimos 30 anos e não vi antes o panorama que a negociação do Governo com o PROIFES nos apresenta. Vamos simular e “matematizar” o caso para ver se melhor entendemos. Quatro camaradas A, C, P e S negociam com o patrão e querem 100. P diz: “me contento com 60”. Dentro de uma situação tipicamente privada seria fácil a solução: P receberia 60 e o patrão passaria a negociar com os três restantes. O problema é que na esfera pública todos têm que receber iguais valores e, portanto, o consenso é inevitável. A menos que se divida o problema em duas etapas, a saber, P sai da negociação recebendo 60, valor este que é concedido, também, aos três restantes, os quais em uma nova negociação pedirão os 40 restantes, os quais, se conseguidos, terão que ser concedidos, também, a P. Ao agir desta forma P delega poderes para os três restantes negociarem em seu lugar. E aqui aparece um interessante problema matemático com fortes aplicações político-sociais:

Em termos percentuais, qual terá sido a contribuição de P e dos demais negociadores caso os três restantes consigam o valor 60+x, sendo 0<x<40?

Generalize para n negociadores que pedem um valor arbitrário v e um deles, P1, se contenta com v-q1 e após renegociação os demais conseguem v-q1+x (0<x<q1)? Analise também o caso em que r negociadores P1,...,Pi,...,Pr (0<r<n) se contentam respectivamente com valores v-q1,...,v-qi,...,v-qr e após renegociação os demais conseguem um valor maior v-min{qi}+x, com 0<x<min{qi}?

OBSERVAÇÃO: podemos também considerar o sinal “menor ou igual que”.

Chamarei este problema de “Problema do PROIFES”, pois, mesmo que seja aparentemente fácil de resolver, é complicado, sendo, realmente, um desafio na busca dos princípios básicos da proporcionalidade.

Lossian Barbosa Bacelar Miranda – Presidente fundador do SINDIFPI.
Postado por Pyaugohy.blogspot.com.br