Pressão de servidores federais para
reajuste salarial e reestruturação de carreiras cresce e mobilização já
atinge 23 categorias, entre professores, servidores da Polícia Federal,
funcionários de agências reguladoras e outros; estratégia do governo de
adiar negociações causa efeito contrário ao desejado, acreditam
sindicalistas
O País vive um momento crítico de
greves de servidores federais, que atinge diversas regiões e categorias.
Já são mais de 350 mil funcionários públicos de braços cruzados, dentre
eles professores e servidores de Universidades Federais, agências
reguladoras, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos
ministérios da Agricultura e Saúde, Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama)
entre outros.
Para piorar a situação, os servidores do Tesouro Nacional e da
Controladoria Geral da União (CGU) decidiram iniciar uma paralisação de
48 horas nesta segunda-feira 6. Caso não seja fechado um acordo de
reajuste salarial com o governo federal, a greve se estenderá para
outras entidades da área econômica e culminar com uma ampla greve a
partir do dia 20. De acordo com o Sindicato Nacional dos Analistas e
Técnicos de Finanças e Controle (Unacom), a paralisação desta
segunda-feira atingiu 50% dos funcionários e deve durar até esta
terça-feira.
A greve faz parte da ampla mobilização de 23 entidades de servidores
públicos federais divididos nos seguintes setores: advocacia e
defensoria federais, auditores do fisco e do trabalho, delegados e
peritos da Polícia Federal, e do ciclo de gestão e do núcleo financeiro.
Isso envolve servidores do Planejamento, Banco Central, Comissão de
Valores Mobiliários, Itamaraty, entre outros. O Ministério do
Planejamento deve receber as categorias na próxima semana, mas alguns
setores podem ter a reunião adiada.
"Se até o dia 20 não tiver proposta nós vamos entrar em greve. Como
já foi aprovado em assembleia", disse o presidente do sindicato dos
sevidores do BC (Sinal), Sérgio Belsito. O Sinal representa 4.500
servidores da ativa. Já na próxima quarta-feira, servidores do BC, da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e da Receita Federal fazem uma
paralisação de advertência. No mesmo dia, está previsto um ato na
Esplanada dos Ministérios com todas as 23 entidades pelo reajuste
salarial.
Também no dia 8, aproximadamente 600 servidores da CVM devem fazer um
dia de paralisação, segundo o presidente do SindCVM, Leonardo Wanistok.
"Acho que está todo mundo engajado", disse. Os funcionários da
Superintendência de Seguros Privados (Susep) vão realizar assembleia no
mesmo dia para decidir se aderem à paralisação daquele dia.
Também nesta segunda-feira, os servidores da Polícia Federal em São
Paulo decidiram, em assembleia, entrar em a partir desta terça-feira por
tempo indeterminado. De acordo com o Sindicato dos Servidores da
Policia Federal, os serviços essenciais e o efetivo mínimo legal serão
garantidos. Eles pedem a reestruturação da carreira dos agentes,
escrivães e papiloscopistas, melhoria salarial e concursos para os
cargos do plano especial de cargos (PEC).
Negociações com o governo
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, disse que a estratégia do
governo de adiar as negociações tem efeito contrário ao desejado. "Cada
dia mais aumenta o quantitativo de grevistas. Então essa estratégia
mostra que o tiro está saindo pela culatra", afirmou o sindicalista.
O presidente do Unacom, Rudinei Marques, afirmou que o grau da
paralisação desta segunda-feira surpreendeu. A Unacom representa 3 mil
servidores da ativa. "Não esperávamos uma adesão tão grande", afirmou
Marques. "Afeta a rolagem da dívida, a transferência de municípios. É
inegável que tem um prejuízo para a administração pública", emendou. As
duas carreiras ameaçam cruzar os braços por tempo indeterminado a partir
do dia 20 para ficar em sintonia com os 23 grupos de servidores.
A Secretaria do Tesouro Nacional informou que as compras de títulos
do Tesouro Direto ficarão paralisadas também na terça-feira, voltando ao
normal na quarta-feira. As operações de recompra não foram
prejudicadas. As emissões mensais do Tesouro Direto representam cerca de
0,8 por cento do total das emissões da dívida pública mobiliária
federal interna (DPMFi).
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